Discurso dos Formandos do Primeiro Semestre de 2023. 

 

Caros colegas formandos, ilustres professores, familiares, amigos e todos os presentes nesta ocasião especial, 

 

Gostaríamos de agradecer primeiro aos formandos pela oportunidade de estarmos lhes representando nesta noite tão marcante. É com orgulho que falamos em nome de testemunhas do ensino público, gratuito e de qualidade da Universidade de Brasília. 

 

Arquitetura e Urbanismo: um nome de curso extenso pra combinar com o tempo que ficamos por aqui desfrutando dele. Estarmos aqui de pé e tendo a oportunidade de falarmos pela turma sobre nossos altos, baixos e raros tempos de calmaria, me leva ao meu último ano do ensino médio. Lembro-me como ontem quando um professor jogou no nosso colo o absurdo e importante evento que é decidir uma carreira aos 17 anos. Todas as fracas certezas que tínhamos foram pelo ralo ao nos perguntar "No que o curso de vocês contribui para a sociedade? e para vocês?" 

 

A Julia de 17 anos não sabia responder, mas isso a perturbou profundamente. Hoje, com a tranquilidade de estar inquieta - no sentido mais político da palavra - digo que entendo melhor como começar a responder a essa pergunta, e é isso que tentaremos fazer aqui com vocês.  

 

Mas afinal, o que é cursar arquitetura? Para os pais, talvez arquitetura seja aceitar os filhos ficarem acordados durante a noite medindo coisas minúsculas e colando papéis menores ainda para formar coisas que não entendem, mas acham lindo. Para os amigos, talvez seja ser um ombro quando as olheiras já estiverem nas bochechas e precisarem de intervenção. Talvez para os familiares seja um ou dois traços e dar a luz a um edifício genial, no mínimo (obrigada Niemeyer - inserir tom irônico aqui). 

 

Mas além de todas essas coisas, cursar arquitetura é como abrir uma janela numa parede cinza para descobrir que ali se escondia uma paisagem completamente inusitada. É descobrir uma nova forma de explorar e enxergar o mundo. É entender que coisas grandes não se constroem sozinhas. É decorar quanto mede 1 metro e 10cm com o próprio corpo. É viciar em buscar soluções diferentes para o mesmo problema (e depois criar problemas diferentes pras soluções encontradas e solucionar de novo). É criar processos, pensar por imagens e ver pelo tato aquela parede interessante que você viu numa viagem. Nossa cabeça nunca mais será a mesma, e ainda bem. 

 

E à quem nos abre janelas em paredes cinzentas, que fique aqui registrada nossa eterna gratidão. Se não fossem nossos mestres nos inspirando e guiando durante essa jornada, nada disso seria possível. Mesmo que não nos demos conta de pronto, guardamos inscritos no último neurônio que sobrou pra contar história cada ensinamento, conselho, referência e experiência que compartilharam conosco. Temos orgulho do corpo discente que tivemos a honra de conhecer. A pluralidade de linhas de pesquisa e atuação só refletem e reluzem as inúmeras possibilidades de caminhos que temos à nossa frente. Obrigada por nos mostrarem que o brilho no olhar é sempiterno. 

 

E em meio a tanto estudo, debates e conhecimento sendo adquirido, a carga horária fez com que muitas vezes nós alunos passássemos mais tempo na Universidade do que em casa, falo por vivência própria, pois já tive semestres em que ficava 14 horas na FAU. Entre intervalos, conversas na memorável pracinha e pelos corredores do ICC, cafés da manhã, almoços e jantares no RU, inevitavelmente construímos grandes amizades que nos acompanharam durante o curso e que levamos pra vida. Amizades que em meio a conversas e trocas de experiências impulsionaram a criação de coletivos em busca de expandir debates raciais, sociais e de gênero no meio acadêmico, na tentativa de conectar a teoria à realidade vivida. 

 

Cabe a nós não esquecermos nossa responsabilidade na construção de uma cidade mais justa, de levar as discussões em sala de aula para a vida profissional a fim de manter o olhar crítico e mais importante, o olhar social, pois arquitetura envolve muito mais que uma construção, é sobre pessoas, sobre direito à moradia e direito à cidade, não apenas sobre quem tem condições de contratar os serviços de um arquiteto, mas para todos que utilizarão o espaço. Integrar a sustentabilidade ao projeto não apenas para cumprir normas de desempenho, mas sobre o impacto que o nosso ofício gera na vida em sociedade. 

 

Por fim, aos nossos colegas formandos: acreditamos que uma turma que conseguiu sobreviver a duas ocupações, golpe de estado, cortes orçamentários e diminuição de bolsas de pesquisa, um governo caracterizado pelo descaso, fechamento da pracinha,  e uma pandemia - pausa - consegue sobreviver a qualquer situação que ocorrer daqui pra frente.  

 

Isto posto, não temam, o futuro pode parecer desesperador por toda a sua incerteza e imprevisibilidade, mas assim como aprendemos a superar cada desafio estabelecido nas diversas matérias cursadas, a vida pessoal e profissional seguirá com seus desafios diários que serão superados. Portanto, que possamos abraçar a busca incessante pela inovação, pelo aprendizado contínuo e pela colaboração. Que possamos nunca perder de vista a ética e a responsabilidade que acompanham nosso ofício. Que possamos apreciar todos os dias o privilégio e a responsabilidade de projetar espaços que promovam a interação humana, incentivem a sustentabilidade e fomentem a harmonia entre a natureza e o ambiente construído. E, acima de tudo, que possamos manter viva a paixão que nos levou a escolher este caminho. Que nossa dedicação e nosso talento continuem a inspirar, transformar e construir um amanhã mais brilhante para todos. 

 

 

Universidade de Brasília – UnB 

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU 

Curso: Arquitetura e Urbanismo 

 

FORMANDOS 

 

ADRIANA COSME PEREIRA 

ALEXANDRE ALVES DE SOUSA 

ALÍCIA ARAÚJO BARRETO 

ÁLVARO AZEVEDO ORION LOPES 

AMANDA LIMA PEREIRA 

AMANE LOPES BENTO XAVIER 

ANA PAULA ROUGETH DE OLIVEIRA 

ARTHUR VILLAS BOAS RIOS 

ATHENA ARTEMISIA OLIVEIRA VIEIRA CAVAMURA 

BRENDA TEIXEIRA SANTIAGO 

CAMILA GENTIL DINIZ 

CAMILE VIANA DE AZAMBUJA 

CAROLINA VICENTINI DE AZEVEDO SILVA 

CÍNTHIA CAVALCANTE ALVES 

EDMIR FERNANDES DE SOUZA 

EDUARDO ANCRIN DE OLIVEIRA 

ERIK BATISTA RESENDE 

FERNANDA CAMPOS FERNANDES SOARES 

HENRIQUE DA CRUZ SILVA 

JADE ABREU MACEDO DE ÁVILA E SILVA 

JÔNATAS VIANA CABRAL 

JORDANA CASALI ARENHART 

JULIA LOPES SOARES 

JÚLIA ROTHFELD GRATONE 

LARISSA GAMEIRO REGA 

LETÍCIA MARIA DE FREITAS OLIVEIRA 

LUCAS SILVA MARANHÃO DE OLIVEIRA 

MARIA LUÍZA COTTA BISINOTO 

MARIANA COSTA LEITE 

MARIANA MARIANO DA SILVA 

MARIANA PODDIS BUSQUIM E SILVA 

MARIANA VERDOLIN DOS SANTOS 

MARIANA VIEIRA DE MELLO 

MATHEUS LIMA RIBEIRO 

NATALIA FERREIRA VALLADÃO 

NATHALIA ARAUJO DE CASTRO 

NATHALIA PY CARDOSO 

OCTAVIO ARAÚJO VIEIRA 

RAISSA DE MACEDO EVANGELISTA 

REBECA MACEDO NERY 

ROBERTA BORGES DOS SANTOS 

ROBERTO CARVALHO DE FREITAS 

TALITA ROCHA REIS